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Leia o discurso do Ministro Luiz Fux na fundação da ACD

HOMENAGEM DO EXCELENTÍSSIMO MINISTRO PRESIDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, LUIZ FUX, POR OCASIÃO DA FUNDAÇÃO DA ACADEMIA CARIOCA DE DIREITO

 

 

 

  1. INTRODUÇÃO:

 

O ilustre carioca do Catete – Chico Buarque de Holanda – nos ensina que “as pessoas têm medo das mudanças. [Já] eu tenho medo [é] que as coisas nunca mudem”.

 

Deveras, a mudança do patamar civilizatório de uma nação demanda homens e mulheres dedicados a pensa-lo em sua inteireza: investigando as causas e consequências de seus defeitos; elevando e aprimorando suas qualidades; formulando soluções inovadoras para o seu desenvolvimento.

 

Na qualidade de Presidente do Supremo Tribunal Federal e do Conselho Nacional de Justiça, realizo a abertura desta solenidade de fundação da Academia Carioca de Direito (ACD) imbuído dos sentimentos de profunda honra e de enorme alegria – porquanto a ACD já nasce concretizando esse objetivo de mudar a cultura jurídica brasileira, aprimorando-a de modo independente, ousado e vanguardista.

 

  1. HOMENAGEM AOS MEMBROS DA ACADEMIA CARIOCA DE DIREITO:

 

Ocorre que a efetivação desse nobre intuito de mudança e de aprimoramento da cultura jurídica nacional pela ACD provém da grandiosidade de seus acadêmicos fundadores.

 

Não poderia ser diferente. Afinal, pouquíssimos brasileiros ostentam o currículo e a biografia do fundador desta Academia e ocupante da cadeira de n° 1. O sempre Ministro da Justiça, Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil e relator da Assembleia Nacional Constituinte – Bernardo Cabral –  é o arquétipo do jurista que atravessa gerações por meio de suas obras que engrandecem o conhecimento jurídico e de seus atos em prol do regime democrático que fomentaram o desenvolvimento nacional.

 

Em sentido convergente, a grandiosidade da ACD é bem sintetizada pela escolha de sua Presidente fundadora, Doutora Rita de Cássia Sant’Anna Cortez – competente advogada cuja trajetória em defesa das liberdades constitucionais foi reconhecida por toda advocacia ao torna-la Presidente do prestigioso Instituto dos Advogados do Brasil (IAB) – segunda mulher, desde 1843, a conseguir tal feito.

 

Com efeito, além dos já nominados José Bernardo Cabral e Rita Cortez, esta instituição já nasce imponente devido ao rol de ilustres juristas que – por meio de livros, artigos, pareceres ou decisões judiciais – merecidamente irão se assentar nas cadeiras da Academia Carioca de Direito:

 

Ministro Luis Felipe Salomão;

Desembargadora Simone Schreiber;

Desembargador Marcus Antonio de Souza Faver;

Paulo Cézar Pinheiro Carneiro;

Gustavo Tepedino;

Joaquim de Arruda Falcão Neto;

José Roberto Castro Neves;

Tânia da Silva Pereira;

José Roberto Tadros;

Jorge Amôedo da Gama Malcher;

Jorgem Rubem Folena de Oliveira;

Fernando Fragoso;

Rosalina Côrrea de Araújo;

Paulo Penalva Santos;

Sidney Guerra;

Vólia Bonfim Cassar;

Vânia Siciliano Aieta;

Bruno Tocantins;

Sidney Limeira Sanches;

Maria Cristina Capanema Belmonte;

Maria Adélia Campello;

Margarida Pressburger;

 

Os senhores e as senhoras podem estranhar que não mencionei a fundadora da cadeira de n° 19 desta nobre Academia. O ato, no entanto, foi proposital.

 

Em seu primeiro romance “Ressureição”, publicado em 1872, o ilustre carioca Machado de Assis (primeiro Presidente da Academia Brasileira de Letras e fundador da sua cadeira de n° 23) brilhantemente afirmou que “cada qual sabe amar a seu modo; o modo pouco importa; o essencial é que saiba amar”.

 

A fundadora da cadeira n° 19 merece menção especial, porquanto é quem me ensinou – na prática – a mensagem de Machado de Assis. Eu que já havia experimentado o amor de filho e o amor de marido, renovei minha alma com a vivência do amor de pai com a chegada de Marianna Fux, ilustre Desembargadora do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro. Realmente “o modo pouco importa; o essencial” é o amor.

 

A acadêmica Marianna alça mais um degrau na sua impecável trajetória jurídica por mérito e brilho próprios. Meus efusivos parabéns!

 

  1. FECHO:

 

Eminentes acadêmicos e acadêmicas, senhoras e senhores;

 

Concluo esta minha breve fala relembrando a frase de um mineiro, porém filho adotivo do Rio de Janeiro, eternizado na calçada da praia de Copacabana. Atribui-se a Carlos Drummond de Andrade a icônica frase de que “há certo gosto em pensar sozinho. É ato individual como nascer e morrer”.

 

A criação desta Academia Carioca de Direito é uma ode àqueles que incorporaram o ensinamento de Drummond no estudo do Direito.

 

A Academia Carioca de Direito não é composta por acadêmicos e acadêmicas que se limitam a reproduzir ideias alheias ou descrever institutos jurídicos elementares. Ao revés, ela homenageia homens e mulheres que doaram sua vida ao estudo e à prática jurídica por meio da discussão dos temas controversos; dos debates palpitantes sobre teses inovadoras; enfim, da nobre tarefa de questionar e de investigar o Direito, livre de amarras.

 

Sucesso e êxito na construção desta novel, porém já consagrada, academia jurídica que muito honrará o Estado do Rio de Janeiro.

 

Vida longa à Academia Carioca de Direito. Muito obrigado!

 

Rio de Janeiro, 26 de agosto de 2022.

 

LUIZ FUX

Presidente do Supremo Tribunal Federal e do Conselho Nacional de Justiça